quinta-feira, 22 de abril de 2010

Análise política sobre a Conta de Gerência de 2009 - Luís Miguel Reis

Sr. Presidente todos nós erramos, não é no erro que está o problema, o problema está em não ser capaz de o identificar, de o admitir, de o corrigir. Quando o PS veio aqui na última Assembleia perguntar pelo Plano Plurianual de Investimento, a vossa expressão foi generalizada e característica de quem tinha ouvido um absurdo.

Podem não entender a pergunta, podem não a compreender, podem até achar que não se justifica e que assim não tem sentido, o que não quer dizer que tenham razão.

Não estamos aqui a dizer que só erram, ou que nós não erramos, o que pretendemos é que se façam as coisas bem-feitas e quando colocamos estas questões é no sentido de ajudar a construir.

Passo a citar, quanto ao Orçamento e as Grandes Opções do Plano elaborados nos termos do Decreto-Lei n.º 54-A/99, de 22 de Fevereiro, constata-se pelo nº 4 do referido DL que o plano plurianual de investimentos deve ser elaborado e publicitado.

Os documentos previsionais a adoptar por todas as autarquias locais são as Grandes Opções do Plano e o Orçamento. Nas Grandes Opções do Plano são definidas as linhas de desenvolvimento estratégico da autarquia local e incluem, designadamente, o plano plurianual de investimentos e as actividades mais relevantes da gestão autárquica.

O plano plurianual de investimentos das autarquias locais, de horizonte móvel de quatro anos, inclui todos os projectos e acções a realizar no âmbito dos objectivos estabelecidos pela autarquia local e explicita a respectiva previsão de despesa. No plano plurianual de investimentos devem ser discriminados os projectos e acções que impliquem despesas orçamentais a realizar por investimentos.

Na elaboração do plano plurianual de investimentos, em cada ano, devem ser tidos em consideração os ajustamentos resultantes das execuções anteriores. Sr. Presidente este é um documento estratégico de vital importância que falta à nossa Freguesia.

No seguimento do que acabei de referir o PS lamenta o facto de faltarem mapas absolutamente fundamentais a qualquer Conta de Gerência das Autarquias Locais, nomeadamente o Mapa da execução do plano plurianual de investimento (PPI)-Ponto 7.4 do POCAL e o respectivo Mapa de modificações ao plano plurianual de investimentos - Ponto 8.3.2 do POCAL que não poderia naturalmente existir sem o anterior. Estes mapas, em falta, constituíam elementos essenciais, fundamentais e imprescindíveis, necessários para uma correcta gestão autárquica.

A análise aprofundada da conta de gerência apresentada revela no que concerne à prestação de contas dos dinheiros públicos um desrespeito pelo princípio da eficácia, pelo princípio da eficiência e pelo princípio da economia. São inúmeras as rectificações em alta que posteriormente são simultaneamente revistas em baixa, entra e sai dinheiro de várias rubricas sem a assertividade necessária, ou pelo menos a assertividade possível de uma previsão digna desse nome.

Na última Assembleia usei uma analogia que não gostaram, que foi “que se estava a fazer uma navegação à vista” pelo que desta vez não irei dizer que afinal a navegação não é à vista mas sim às escuras, de modo a não ferir susceptibilidades.

Não se pode gerir os dinheiros públicos como gerimos a nossa casa, um desvio de 1 a 2 % entende-se, as percentagens que frequentemente se encontram neste documento não se justificam. Num qualquer outro sector de actividade à muito que teriam sido despedidos.

Para concluir, esta conta de gerência é o resultado da acção política da maioria que governa esta autarquia e apesar de conhecemos bem o quadro legal em que se movem as Juntas de Freguesia, sabendo das suas reduzidas competências e dos seus escassos recursos próprios. Devo dizer-vos que é, precisamente, neste ambiente que se vê quem são os autarcas com garra e com imaginação para superar estas limitações e isso, é o que não vemos em Alcabideche, bem pelo contrário, assistimos é a um fastidioso repetir daquilo que já foi feito dezenas de vezes. É o marasmo completo e Alcabideche merecia muito melhor.

Questões colocadas por Luís Miguel Reis sobre a Conta de Gerência de 2009

Sr. Presidente, gostaria de num primeiro momento efectuar um conjunto de perguntas, para que a minha bancada possa conhecer com outra acuidade este documento e só após as respostas, teceremos as nossas considerações e faremos a análise política da Conta de Gerência.

Orçamento da despesa – Órgãos da Autarquia:

Aumento de 13,40% nas verbas para o Executivo da Junta?

Aumento de 466,70% nos prémios, condecorações e ofertas?

A despesa respectiva aos Órgãos da autarquia aumentou 12,10%

Orçamento da despesa – Junta – Sede (Secretaria/Tesouraria):

Aumento de 143,30% nas verbas do pessoal em regime de tarefa ou avença?

Aumento de 33,30% nas verbas destinadas a horas extraordinárias?

Aumento de 64% nas verbas relativas ao abono para falhas?

Actualmente o valor do abono para falhas é de 86,29 € fixado pela portaria nº 1553-C/2008 de 31 de Dezembro, importa ainda referir que o abono é atribuído diariamente a favor dos trabalhadores que a ele tenham direito e distribuído na proporção do tempo de serviço prestado no exercício de funções, sendo o valor diário calculado cerca de 3,98€.

Fazendo-se as contas aos 4100 euros despendidos, fica a pergunta a junta tem entre 4 a 5 pessoas abrangidas por este abono? Justifica-se tal número? Alguém está a receber o abono e não devia?

No vosso programa eleitoral a formação dos recursos é um vector essencial o que contrasta com o retrato dado pela actual conta de gerência apresentada, onde de uma previsão inicial de 2500€ apenas se executou 500€.

Aumento de 75% nas verbas para limpeza e higiene?

Houve um aumento assim tão grande fora do que estava previsto?

Aumento de 100% nas verbas para a alimentação?

Aumento de 29,90% nas verbas para vestuário?

Aumento de 25% nas verbas para material de escritório?

Aumento de 600% nas verbas para prémios, condecorações e ofertas?

Numa primeira rectificação colocam nesta rubrica mais 5000€ e numa segunda retiram 2000€, duas previsões erradas?

Aumento de 116,70% nas verbas para outros bens?

Aumento de 100% nas verbas para publicidade de 3000 para 6000€?

Aumento de 306,70% nas verbas relativas a outros trabalhos extraordinárias?

Aumento de 135,70% nas verbas para software informático?

A despesa respectiva à Junta - Sede aumentou 6,5%

Orçamento da despesa – Cultura:

A despesa respectiva à Cultura aumentou 39,20%, o investimento teve o retorno esperado? Esse resultado foi medido?

Orçamento da despesa – Juventude:

A execução neste ponto ficou 73,50% abaixo do estimado. O que representa no nosso entender um de dois factores, má previsão inicial ou falta de investimento, ou por outras palavras incapacidade de execução.

Orçamento da despesa – Complexo Desportivo de Alcabideche:

Aumento de 67% nas verbas para despesas com o pessoal?

Houve um aumento de 67% de alunos? Ou houve um aumento de actividade nessa ordem?

A despesa respectiva ao CDA aumentou 29,70%, volto a perguntar o investimento teve o retorno esperado? Esse resultado foi medido?

As remunerações certas e permanentes aqui dispararam, afinal não eram nem tão certas nem tão permanentes.

Orçamento da despesa – Acções Desportivas/Associativismo:

A despesa relativa a este ponto aumentou 56,20% face ao inicialmente estimado, em grande parte devido ao aumento dos subsídios e das verbas para instituições sem fins lucrativos, quais foram os critérios para estas atribuições? Resultados?

Orçamento da despesa – Apoio à família/Enriquecimento Curricular:

A despesa neste ponto diminuiu 4,40%.

Orçamento da despesa – Escolas/Jardins de Infância:

Abrem-se rubricas com 10 euros e depois ao longo do exercício acrescenta-se o que vai sendo preciso.

Nos Transportes inicia-se com 15000€, rectifica-se com um acréscimo de 6430€ e de seguida retiram-se 5000€, é o dinheiro público a circular de rubrica em rubrica, são vários os exemplos como este ao longo deste documento.

A despesa respectiva às Escolas e Jardins de Infância aumentou 81%.

Orçamento da despesa – Acção Social:

O tão famoso subsídio de emergência, que a junta apresentou em boa hora para fazer face à crise e ao número de solicitações (uma vez que o Sr. Presidente diz que todos os dias lhe batem à porta). Esta rubrica teve uma taxa de execução pouco acima dos 50%. Das duas uma, ou os problemas ficaram resolvidos ou existe uma incapacidade da Junta em identificar situações de premência às quais possa socorrer.

Frequentemente as rubricas dos prémios e condecorações têm valores superiores aquele aqui investido.

Orçamento da despesa – Salubridade:

Aqui houve uma redução de 38% um pouco em linha da significativa redução nas despesas com o pessoal.

Subsídios concedidos:

Subsidiou-se o Centro paroquial do Estoril em 1000€?

Subsidiou-se o Coro Polifónico de Cascais em 500€?

Subsidiou-se a Cruz Vermelha Portuguesa em 1000€?

Subsidiou-se a INSERDIMENSÃO em 1650€ que instituição é esta? A referência que tenho é que é uma empresa Lda com sede na Adroana e a sua actividade é Cafés. Que subsídio é este que lhe foi dado?

Mapa de contratação Administrativa:

Deparamo-nos aqui com um conjunto avenças que me levam a questionar se estaremos a respeitar o artigo 35 da lei de vínculos, carreiras e remunerações e cumulativamente todas as suas alíneas, definitivamente não estamos a falar de pessoas colectivas (de 20 entidades 15 são pessoas singulares), questiona-se se estas pessoas individuais desempenham de facto um trabalho não subordinado e se estaremos a observar o regime legal da aquisição de serviços. Que razões existem para não serem os casos referidos contratos a termo?

Gostaria que nos esclarecesse este e os pontos anteriores que referi. Muito obrigado.

(o Executivo da Junta pediu, face ao volume de questões e às dúvidas que tinham em relação a algumas das matérias, para responder posteriormente por e-mail a estas questões)

Intervenção sobre o Centro de Saúde de Alcabideche protagonizada por Luís Miguel Reis

Sr. Presidente, relativamente ao Centro de Saúde Alcabideche, deve ter conhecimento que estão a ser conduzidos para Alcabideche os utentes sem Médico de Família do Centro de Saúde de S. João do Estoril, em consequência de uma decisão tomada pela Direcção do Agrupamento de Centros de Saúde de Cascais, para que estes possam usufruir de um dos mais básico direitos da nossa Constituição que é o Direito à Assistência Médica.

Certamente sente, tal como nós, que estas questões não se resolvem assim, ou pelo menos não se deveriam resolver.

Temendo que o Centro de Saúde não esteja preparado para este acréscimo de utentes e que esse facto venha de algum modo alterar o seu normal funcionamento.

E simultaneamente como têm sido veiculadas frequentemente algumas queixas relativas ao serviço do Centro em questão.

Achamos que este seria um momento oportuno para este Órgão criar uma comissão que pudesse, passado o tempo que passou desde a sua inauguração, reunir com a Direcção do Centro de Saúde de Alcabideche e fazer um balanço, procurando identificar a existência de alguns problemas e associar-se na procura de soluções.

(a Assembleia concordou com esta proposta e em breve a Comissão iniciará o seu trabalho)

Intervenção sobre a participação do PS na Comissão de Revisão do Regimento da Assembleia

Queria partilhar convosco que a Comissão de Revisão do Regimento teve a oportunidade de reunir a 16 de Março e que desse encontro resultaram já algumas alterações de relevância acrescida para o documento em questão, que irão certamente ajudar a aprofundar e a qualificar ainda mais o trabalho realizado por este Órgão. Julgo que serão ainda necessárias pelo menos mais uma a duas reuniões para concluir os trabalhos e apresentar na próxima Assembleia de Freguesia a proposta final de revisão.

Relembro também ao Sr. Presidente de Mesa, que todos os membros desta Comissão subscrevem integralmente a descentralização desta Assembleia pelas várias localidades da Freguesia, tal como já constava no Regimento e assim que achar pertinente ou quando achar pertinente, teríamos todos, imenso gosto que assim decorresse.

Pois entendemos que essa descentralização aproximará este órgão dos fregueses e permitirá uma maior participação activa resultando numa promoção da cidadania, passo que deve ser dado por nossa iniciativa.

Moções sobre o 25 de Abril e o 1º de Maio

Perante a proximidade de duas data marcantes e que importa ano após ano recordar, o PS Alcabideche apresentou na Assembleia de Freguesia duas moções, para que esta Assembleia as tomasse como suas e as aprovasse, uma vez que o espírito das mesmas visa salutar a liberdade e os direitos dos trabalhadores.

Ambas as moções (25 de Abril e 1º de Maio) foram aprovadas por unanimidade.